domingo, 16 de novembro de 2008

Daiane Conceição Simões Santos

Ao concluir o ensino médio, eu comecei a sentir que algo faltava na minha vida: o compromisso com os estudos. Esse espaço, após anos, estava vazio. Angústia imensa. Sentia falta do ambiente escolar. Não conseguia deixar de sentir isso. Eu precisava iniciar uma graduação. Mas... O que fazer? Que curso seguir? E os meus sonhos? Como realizar? Eu era mesmo capaz? Por onde começar? Por onde caminhar? Eu não tinha noção das minhas potencialidades. Insegura e temerosa em relação ao futuro, até passei por um pequeno período de depressão.

Mas logo após esse período conturbado, percebi que aquela crise interior era apenas um momento propício para reavaliar conceitos, atitudes, posturas e buscar renovação, começar uma nova etapa da vida. Logo em seguida, surgiu a oportunidade de lecionar, pois eu tinha cursado magistério. Lecionei durante dois anos, 2002 e 2003, numa escola de nível fundamental I, na cidade de Ilhéus, onde nasci e resido até o presente momento. Educar crianças foi uma experiência maravilhosa. A partir disso, despertei a minha consciência, pois voltei a acreditar que sonhos se realizam e comecei a acreditar na minha capacidade intelectual. Descobri o meu caminho profissional. Havia sim uma luz que a cada dia me guiava para cursar uma licenciatura.

Optei pelo curso de Letras e Artes, com ênfase em Língua Inglesa, por afinidade pessoal. A experiência me fez perceber que devia buscar aperfeiçoamento para a profissão, porque o contato com os alunos, o ambiente e a rotina escolar me fazia feliz, por mais surpreendente que isso parecesse para mim. E, além disso, me entusiasmava a idéia de estudar de novo e estar em contato freqüente com as disciplinas que sempre me encantaram: Língua Inglesa e Língua Portuguesa. Assim que eu tive essa certeza, em 2004 fui aprovada no vestibular e comecei a estudar na Universidade Estadual de Santa Cruz. Isso representou uma grande conquista para mim: um caminho a seguir, uma certeza, uma luz, uma satisfação, uma promessa para o futuro.

O primeiro ano cursando Letras foi um tanto difícil, porque tinha chegado ao fim o meu contrato de ensino com a Prefeitura Municipal de Ilhéus e por cursar Letras no período matutino, parecia quase impossível conciliar estudo e trabalho. Isso me preocupava, mas dispensei algumas oportunidades, que exigiam manhã e tarde livre, porque priorizei a minha graduação, afinal era um sonho se realizando. E estava claro para mim que essa opção traria muitos benefícios futuros. Porém, eu ainda me sentia um tanto deslocada no espaço acadêmico. Ainda precisava me adaptar, entender como tudo acontecia e compreender os regimentos, as regras a seguir.

O primeiro seminário do qual participei como ouvinte, em 2004, foi o II SELE-UESC: A formação do aprendiz de língua estrangeira (Seminário de Línguas Estrangeiras -VIII Seminário de Língua Inglesa e V Encontro de Língua Espanhola e Francesa), promovido pelo Departamento de Letras e Artes (DLA), no período de 24 a 26 de novembro de 2004, com carga horária de 28 horas. As palestras abordaram o ensino de línguas estrangeiras e foram de grande importância para mim. Afinal, foi o primeiro momento em que eu assisti às palestras sobre a formação do aprendiz de língua inglesa, as estratégias de ensino-aprendizagem. Naquele momento despertei para o fato de que eu estava ali para me aperfeiçoar como uma professora de língua estrangeira. Isso foi muito emocionante. Apesar disso, essa foi a única atividade acadêmico-científico-cultural (AACC) da qual participei naquele ano, por imaturidade ou distração. Aos poucos surgiu a vontade de me integrar mais ativamente ao mundo acadêmico.

No ano de 2005 comecei a participar mais da rotina na universidade, não apenas freqüentando as aulas com assiduidade, como fiz desde o início. Começava a sentir que “pisava em terra firme, portanto, era o momento de aprofundar as raízes” e aproveitar tudo de bom que o espaço acadêmico me oferecia. No período de 23 de agosto a 07 de dezembro de 2005, participei da Oficina de Artigos, promovida pelo Departamento de Mestrado em Cultura e Turismo, ministrada pela professora Sylvia Teixeira, com carga horária de 20 horas. Na oficina abordaram-se as dificuldades mais comuns enfrentadas pelos estudantes universitários, não só na construção de artigos, mas também de resenhas e resumos.

Logo descobri o prazer de estudar Literatura através das aulas e, logo em seguida participei, como ouvinte, do evento intitulado Barulhinho Bom-Um Encontro com Luiz Gonzaga e Patativa do Assaré, promovido pela professora Daniela Galdino, em 19 de dezembro de 2005, com carga horária de 08 horas. O evento ocorreu no auditório Jorge Amado, no período da tarde. Esse evento contribuiu para aumentar a minha compreensão acerca da função social da literatura. E também me fez pensar que eu devia buscar mais conhecimentos sobre a Literatura Brasileira, que começava a me encantar através das aulas.

Ainda em 2005, passei a integrar o grupo de pesquisa Identidade Cultural e Expressões Regionais - ICER, coordenado pela professora Maria de Lourdes Neto Simões. Aceitei a proposta de desenvolver um projeto de pesquisa, na área de Literatura da Região do Cacau, sob orientação da professora Sandra Maria Pereira do Sacramento, intitulado As relações de poder masculino presentes na literatura Sul-baiana, sob a condição de pesquisadora – bolsista pela agência de fomento PIBIC / CNPq, no período de agosto de 2005 a agosto de 2006. No início, confesso que não sabia qual era a dimensão da importância que essa oportunidade teria na minha vida. Aos poucos, fui descobrindo a paixão pela literatura e a satisfação em contribuir para o andamento da Pesquisa Científica na UESC.

O objetivo do projeto era estabelecer uma análise da construção da identidade feminina nas obras de autores Sul-baianos, a exemplo de Jorge Amado, Adonias Filho, Valdelice Pinheiro e Cyro de Mattos, visando explicitar o perfil cultural da mulher e também da literatura Sul-baiana, especificamente da Região do cacau, possibilitando a identificação de um hibridismo étnico-cultural que caracteriza a nação. A figura feminina identificada nas obras analisadas promove a alteridade, desfaz o estereótipo europeu estabelecido para a mulher, explicita a condição do gênero e da heterogeneidade cultural.

Cada vez mais me encanta a linha de pesquisa relacionada ao gênero e agradeço muito à professora Sandra Sacramento por ter me concedido essa oportunidade de auto-conhecimento, que me engrandeceu intelectualmente e despertou em mim a vontade de desenvolver, futuramente, um projeto de mestrado, coisa que antes de me envolver com a Iniciação Científica, eu não conseguia visualizar.

Participei também no ano de 2005 do XI Seminário de Iniciação Científica e 8ª Semana de Pesquisa e Pós-Graduação da UESC, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, com carga horária de 32 horas, no período de 07 a 11 de novembro de 2005, como ouvinte. Foi o primeiro evento relacionado à Pesquisa, do qual participei. Assisti às apresentações de vários projetos nas diversas áreas e comecei a refletir sobre o meu projeto, sobre qual encaminhamento eu daria a ele a partir daquele momento, e pensei também em qual seria o momento de apresentá-lo para que outras pessoas pudessem conhecer a minha pesquisa.

No ano seguinte, em 2006, participei, na condição de ouvinte, do I Encontro com a Literatura Infanto-Juvenil, realizado na UESC, promovido pelo DLA, pela PROEX, e pela professora Daniela Galdino, na época coordenadora no CEPHS, no período de 19 a 20 de janeiro, com carga horária de 16 horas. Nesse evento, foram apresentadas releituras de algumas histórias infantis, como Chapeuzinho Vermelho e A chave do tamanho, entre outros. Esse foi um evento muito proveitoso, que proporcionou a oportunidade de conhecer melhor os clássicos infantis e as releituras atuais, além de despertar o meu interesse por conhecer melhor os autores e obras da Literatura infantil.

Em seguida, no mesmo ano, tive a oportunidade de participar como professora/monitora do Programa Pré-Vestibular Universidade para Todos, organizado pela Pró-Reitoria de Extensão - PROEX, ministrando a disciplina Redação, com carga horária de 08 horas/aulas semanais, no período de abril a dezembro de 2006. Ministrei as aulas à noite, ficando imensamente feliz ao perceber que podia conciliar estudo e trabalho. Foi uma surpresa me descobrir na condição de professora de cursinho pré-vestibular, uma experiência valiosa demais, que pretendo continuar, pois me identifiquei demais com a dinâmica das aulas. Naquele momento percebi que minha inclinação maior dentro da Educação é para o trabalho com adolescentes e adultos.

Essa foi mais uma possibilidade oferecida pela Licenciatura em Letras. A cada dia que passava, eu tinha a certeza de que escolhi o curso certo para mim. Era muito gratificante estar numa sala de aula dando dicas de Redação, até porque no passado eu era a aluna, eu tinha dificuldades relacionadas à prova de vestibular e a primeira era a auto-estima. A sensação, a me ver na condição de professora/ monitora, era de que venci minhas fraquezas e já podia ajudar outras pessoas a conseguir isso também, dando o melhor de mim, preparando-as para enfrentar a seleção do vestibular da UESC.

Também em 2006, participei da Palestra Literatura Regional, ministrada pela professora Eliana Sabóia, promovida pelo Colegiado de Letras e Artes junto ao Colegiado de Cultura e Turismo, realizada no dia 30 de maio, com carga horária de 4 horas. A palestra abordava a escrita literária de autores sul-baianos, seus objetos de observação, seus enredos, seu cenários, sua função social. Eu me identifiquei muito com os temas abordados, já que isso estava diretamente relacionado ao meu projeto de pesquisa. Esse evento foi de grande aproveitamento, apesar da carga horária pequena de 4 horas.

De 17 a 20 de outubro de 2006, participei do XII Seminário de Iniciação Científica da UESC, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação - PROPP, com carga horária de 28 horas. Nesse vento, participei como ouvinte, assistindo às palestras e as apresentações de trabalhos e pela primeira vez apresentei um trabalho de minha autoria, em forma de pôster, relacionado ao meu projeto de pesquisa. O trabalho apresentado teve o mesmo título do projeto: As relações de poder masculino presentes na literatura Sul-baiana. Naquele momento, pude expor o projeto para muitas pessoas, que questionavam sobre os passos da pesquisa, o modo de execução e os primeiros resultados obtidos. Foi muito gratificante, já que eu realmente estava envolvida com a pesquisa e me sentia satisfeita em levá-la ao conhecimento de todos que estavam presentes.

Logo em seguida, participei do III Seminário de Línguas Estrangeiras, XI Seminário de Língua Inglesa e VI Encontro das Línguas Espanhola e Francesa, realizado na UESC, pelo Departamento de Letras e Artes, no período de 03 e 05 de outubro de 2006, com carga horária de 24 horas, como ouvinte. Nesse evento, participei também na condição de monitora, somando mais 40 horas. Colaborar para a execução do evento, junto a uma equipe de colegas, foi uma experiência muito enriquecedora. Saber como funcionam os “bastidores”, compreender a dinâmica do evento, como os professores de organizavam para chegar ao produto final me impulsionou a seguir em frente a minha vida acadêmica, a querer cada vez mais continuar fazendo parte desse mundo de conhecimento.

De 23 a 26 de outubro de 2006, participei do VII Seminário de Literaturas Luso-Afro-Brasileiras, realizado na UESC, promovido pelo DLA e pelo CEPHS, sob a coordenação da professora Daniela Galdino, com carga horária de 32 horas. Esse foi um grande evento, com a participação de estudiosos da literatura vindos de várias partes do mundo, como Portugal. As palestras abordaram debates em torno de escritores e obras literárias vistas como periféricas, explicitando a questão classe/ gênero/ etnia e a importância dos Estudos Culturais e Pós-Coloniais para a desmistificação dos cânones literários europeus. O evento promoveu a literatura luso-afro-brasileira enquanto disseminadora de cultura e valores dignos de apreciação e valorização. Participei como ouvinte, de uma mini-curso intitulado Autoria Feminina na Contemporaneidade, com carga horária de 8 horas.

Além disso, tive a oportunidade e a satisfação de contribuir para o sucesso desse evento, integrando a Comissão Artística, organizando a apresentação de grupos de dança afro, voz e vilão, no espaço chamado CEU e peça teatral, no auditório Jorge Amado. Prestar apoio a um evento desse porte acrescentou muito à minha formação acadêmica e com certeza levará bons reflexos para a minha vida profissional.

Depois, em novembro de 2006, um grupo de colegas se organizou para ir à cidade de Salvador (BA), participar do X Encontro Baiano de Estudantes de Letras – EBEL- cujo tema foi Sociedade das Letras: Como o profissional de Letras pode transformar a sociedade?- promovido pelo Colegiado Acadêmico de Letras da Universidade Católica de Salvador - UCSAL, realizado no período de 02 a 05 de novembro de 2006, perfazendo a carga horária de 40 horas. A viagem foi muito agradável e o encontro em si, muito proveitoso, por tratar de um tema pertinente ao curso de Letras, o poder de transformação do educador, poder de mediar conhecimento, de formar opiniões, de informar, de alimentar sonhos e levar o educando a perceber seu próprio poder intelectual.

Nesse evento, assisti a um mini-curso intitulado Redação de textos acadêmicos - Dificuldades mais comuns encontradas; que teve a carga horária de 04 horas. Esse mini curso foi relevante não somente para a minha formação enquanto estudante, mas também para a minha formação enquanto professora de Língua Portuguesa, por esclarecer dúvidas freqüentes em relação à produção textual e normas de escrita acadêmica.

Logo em seguida, de 20 a 24 de novembro, após retornar do encontro em Salvador, participei do curso Iniciação à Pesquisa Científica: Fundamentos e Procedimentos - Módulo Pesquisa em Ciências Humanas, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão - PROEX, ministrado pela professora Natália Furtado, na UESC, com carga horária de 20 horas. O curso abordava a ética na pesquisa em seres humanos e foi de grande aproveitamento, apesar de o meu projeto envolver apenas pesquisa bibliográfica. A professora Natália expôs com muita clareza as questões éticas que devem ser respeitadas durante a pesquisa. Além disso, tive a oportunidade de levantar muitas questões relacionadas à construção e execução de um projeto de pesquisa, como a composição dos relatórios parciais e finais, dúvidas envolvendo a estrutura textual do projeto, entre outros aspectos.

Em 2007 publiquei um artigo relacionado ao meu tema de pesquisa da Iniciação Científica, na Revista Urutágua - Revista Acadêmica Multidisciplinar do Departamento de Ciências Sociais, disponível no endereço: http://www.urutagua.uem.br/, cujo título é Literatura Sul Baiana: Denúncia das relações de poder masculino. Descobri depois disso o prazer da escrita. Que satisfação imensa saber que todos podem ter acesso a um texto que escrevi! E que escrevi com muito esmero... Estou feliz em saber que contribuo, ainda que minimamente, para a divulgação e valorização da literatura Sul-baiana, cumprindo o objetivo do projeto com o qual me comprometi com incentivo da agência de fomento PIBIB/ CNPq.

Em seguida, participei no período de 28 a 31 de maio de 2007, do II Seminário de Pesquisa e Extensão em Letras e I Simpósio de Linguagem, cujo tema foi: Letras Acontecendo - Linguagem, Arte, Conhecimento, realizado na UESC, pelo Colegiado Acadêmico de Letras, com carga horária de 32 horas. Muitos temas relevantes para a prática pedagógica foram debatidos nesse seminário, que foi de grande aproveitamento para mim.

De 09 a 11 de outubro de 2007, participei como colaboradora do XII Seminário Internacional Mulher e Literatura do GT Mulher e Literatura da Associação Nacional de Pós- Graduação em Letras e Lingüística –ANPOLL, realizado na UESC, sob a coordenação da professora Sandra Sacramento, junto ao DLA, com carga horária de 30 horas. Contribuí trabalhando junto à equipe de apoio técnico antes e durante o evento. Nesse seminário, eu também apresentei, em forma de pôster, um trabalho intitulado Cecília Meireles: a poetisa do sensível e do imaginário. Esse trabalho foi uma extensão do artigo apresentado em sala de aula, para obtenção de crédito na disciplina Literatura Brasileira, com orientação da professora Mari Guimarães. Considerei o evento como uma ótima oportunidade de crescimento, de aperfeiçoamento intelectual.

Finalmente, já sentindo se aproximar a conclusão do curso, afirmo, com segurança interior, que cursar Letras e Artes foi uma satisfação imensa, do início ao fim. Surpresas, descobertas, a realização de um sonho. E a acima de tudo uma grandiosa oportunidade de auto-conhecimento. Fiz boas amizades, superei dificuldades como a insegurança e o medo do futuro. Sinto que estou preparada para a Educação. Apesar de ter cursado Magistério durante o ensino Médio, não consigo mais imaginar como eu poderia estar em sala de aula sem passar pela graduação em Letras e Artes, na UESC.

Certamente, na minha profissão haverá reflexos de tudo o que aprendi. Não acredito em acasos e sim há na existência de uma força maior que sempre nos guia, nos conduz para cumprir desígnios. Mas, compreendi também que resultados exigem esforços, paciência e constância. E que o prazer de continuar buscando é infinitamente maior do que o sucesso de alcançar algo. Portanto, espero poder continuar aperfeiçoando a profissão que escolhi e pretendo exercer por toda a minha vida, mesmo que eu abrace também outros propósitos no decorrer do caminho. Jamais esquecerei todas as experiências vividas durante os quatro anos e meio de dedicação ao estudo na UESC.

----------------------------------------------------------“Ainda que eu falasse a língua dos homens ----------------------------------------------------------------------------e falasse a língua dos anjos, --------------------------------------------------------------------------------sem amor eu nada seria.” --------------------------------------------------------------------------Renato Russo

D. C. S. Santos.

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