domingo, 31 de agosto de 2008

Ana Vitória Vieira Quinto

Não se pode falar de qualquer coisa
em qualquer época ............................
(Michel Foucault - Arqueologia do Saber)
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Neste momento, coloco-me de frente ao computador para relembrar tudo que me aconteceu nesses quatro anos e meio incompletos de curso de Letras. Minha memória se revela um tanto confusa, mas esse não será o meu maior problema, já que tenho como corrigi-la, no entanto me proponho a relatar todos os meus feitos sem que a emoção e a nostalgia me impossibilitem de digitar as primeiras palavras. Para iniciar, confesso ter a necessidade de comentar como fora minha vida antes de ingressar no Curso de Letras e Artes na UESC. Ao terminar o ensino médio no colégio que estudei em Ilhéus, vivi à espera de um dia ingressar numa faculdade, em um curso de renome que eu pudesse ter uma vida digna como sempre sonhei.
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No início de 2.001, o resultado do vestibular foi negativo e então, chorei. Chorei, porque não achava aquilo justo comigo, pois sempre estudava e sendo considerada uma das melhores alunas da sala de aula, minha tristeza aumentava. Muito nova, a ausência do meu nome na lista de aprovados foi doloroso não só para mim, mas para todos que esperavam ansiosos e convictos daquela aprovação. Pois bem, passados anos chego a 2004 e ouço pela televisão a notícia sobre o resultado do vestibular. Mais do que depressa fui tomar banho, (o banho mais demorado) para não ouvir os telefones tocando como uma sinfonia que ia remeter à mesma pergunta. Quando, minutos passados, recebi a ligação de meu namorado, que mais que contente, conta a mais feliz notícia que eu não acreditava ouvir. Naquele momento eu chorei silenciosamente. Chorei um choro de descanso, de recuperação da minha auto-estima e novamente mais do que depressa, abracei minha mãe, liguei emocionada para minha irmã contanto a grande notícia e disse: Meu ano começa agora!
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Ponho-me a descrever todos os seminários e cursos que freqüentei durante a minha vida como universitária, profissional e pessoal nesses últimos quatro anos e alguns meses. Inicio, então, pelo meu primeiro momento em um Fórum Nacional de Direitos Humanos - O Ser Humano Como Ponto de Partida – IX Semana Jurídica, com carga horária de 32 horas, realizado entre os dias 31 de agosto a 03 de setembro de 2004 na UESC pelo Departamento de Ciências Jurídicas. Durante o Fórum, também tive a oportunidade de participar na condição de ouvinte da oficina Proteção aos Direitos da Criança e do Adolescente com 8 horas de duração, onde pude perceber o quanto é importante a nossa presença nesses eventos, para o desenvolvimento de nossas idéias sobre qualquer assunto. Eu, como mulher e militante das causas sociais, gostei muito de participar dessa oficina que proporcionava um olhar amadurecido e rico de informações sobre o que devemos fazer para o bem de nossas crianças e adolescentes. Um tema atual e ainda cheio de pontos para serem reestruturados.
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No ano de 2.005, como membro da Pastoral da Criança, assumi voluntariamente a missão de levar a paz, comida e atenção às crianças e mulheres gestantes das famílias que eu visitava. Para isso, foi necessário me capacitar em Ações Básicas de Saúde, Nutrição, Educação e Cidadania - Guia do Líder da Pastoral da Criança encerrada no dia 24 de julho de 2005, na cidade de Ilhéus, contando com a presença de médicos, assistentes-social, promotor, políticos, agentes de saúde e segurança, donas-de-casa e estudantes, enfim um público engajado com o acolhimento dessas famílias que lutam cada dia para manterem-se vivos, diante a tantos problemas presentes em nossa sociedade. Nessa capacitação de duração total de 40 horas, estudamos e debatemos conteúdos como: Os Direitos da Criança, Cuidados importantes na gravidez e a manipulação das ferramentas que utilizamos para as constantes visitas que fazemos em cada lar de cada família atendida pela Pastoral da Criança.
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Em um momento, desses do cotidiano, fui convidada a participar de uma celebração em uma igreja. Lá, encontrei um número muito superior de jovens, se comparado com a igreja que freqüento. Mas, não foi só isso que chamara a minha atenção. Vi uma moça se comunicar com as mãos para um pequeno grupo seleto de não-ouvintes. Aquelas pessoas que não tinham como se comunicar com palavras, mas com gestos e expressões me levaram a freqüentar um curso proporcionado pela Secretaria de Educação e Cultura de Ilhéus. Através do CRIE (Centro de Referência a Inclusão Escolar), o Curso de Metodologia de Educação de Surdos e Língua de Sinais que começou em agosto e se estendeu a novembro de 2005 com um total de 30 horas, que acontecia sempre às segundas-feiras de toda semana, tendo a presença de colegas e professores que possuíam ou trabalhavam com necessidades especiais.
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Meu olhar diante às coisas ia mudando e eu precisava me manter financeiramente, pelo menos para as passagens e as cópias tanto solicitadas. Então, resolvi me candidatar à seleção de estágio administrativo nessa universidade. Consegui. E se pudesse ficar mais contente naquele momento, fiquei, porque fui chamada para trabalhar durante os anos de 2.005 e 2.006 no Centro de Estudos Portugueses Hélio Simões (CEPHES), o que não só me rendeu 50 horas de AACC, e sim o fato de estar trabalhando num lugar MA-RA-VI-LHO-SO. Estava muito bem, cercada por livros (para quem gosta de ler, este é o lugar), se localiza no DLA e tinha como coordenadora a Profª Daniela Galdino, uma pessoa muito dedicada às tarefas que aquela pequena sala exigia. A freqüência dos alunos do Curso do Departamento de Letras aumentara, e com isso a equipe de estagiários também.
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Os eventos foram surgindo, as nossas opiniões de estudantes eram ouvidas e respeitadas. Num desses eventos que admito ter sido o melhor evento na área de Literatura que o DLA pode nos proporcionar: o VII Seminário Internacional de Literaturas Luso-Afro-Brasileiras, realizado no período de 23 a 26 de outubro de 2006, que contava com a presença de professores da UESC e de outras universidades e uma carga horária de 32 horas. Nesse seminário, além de participar como monitora, o que me rendeu mais 32 horas, ainda pôde ouvir por 8 horas o brilhante Profº Marcio Muniz da Universidade Estadual de Feira de Santana com o minicurso: História do Teatro em Língua Portuguesa: Presença de Gil Vicente na dramaturgia brasileira. A escolha desta oficina, realmente não foi por acaso. Lembro muito, que a ilustríssima professora Sandra Sacramento fizera um trabalho com nossa turma ainda em 2005 sobre o teatro de Gil Vicente e então a partir daquelas aulas, me apaixonei por Literatura, o que me motiva a continuar estudando. Aproveito, esse momento para agradecer a essas duas pessoas, mulheres e profissionais que dedicam suas vidas ao que realmente acreditam e o mais encantador é que elas fazem com prazer.
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No ano de 2006, descansada da última greve que enfrentamos, tive a oportunidade de participar como ouvinte do III Seminário de Línguas estrangeiras, IX Seminário de Língua Inglesa e VI Encontro das Línguas Espanhola e Francesa (III SELE) na UESC no período de 03 a 05 de outubro, com carga horária total de 24 horas. Foi um Seminário muito importante, pois até aquele momento eu considerava que as disciplinas de Língua Estrangeira não tinham muito espaço no Curso de Letras. Sempre reclamei da autonomia que não existia nessas disciplinas. Foi um momento importante, contanto com a presença e união de todos de professores do Departamento.
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Em 2007, um ano repleto de envolvimento com as atividades acadêmicas, participei como ouvinte do II Seminário de Pesquisa e Extensão em Letras e do I Simpósio de Linguagem no período de 28 a 31/05/2007, no Auditório de Arte e Cultura Paulo Souto ou simplesmente chamado “O Auditório da Biblioteca”, cuja temática: Letras Acontecendo, Arte e Conhecimento. Esse evento foi organizado pelo Colegiado de Letras coordenado pelo “camarada” e Profº Flávio Lourenço Lima e também pelo Centro Acadêmico composto na época pela presença da nossa amiga e ex-secretária do Colegiado de Letras, Silmara Santos Aguiar. Um evento com duração de 32 horas foi percebido por mim que participação dos alunos de Letras em seminários tinha aumentado.
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No recesso acadêmico para o segundo semestre de 2007, participei do Curso Equivocidade no Uso dos Marcadores Do Discurso, com duração de 20 horas, ministrada pela docente e para sempre orientadora Maria D’Ajuda Alomba Ribeiro da UESC. Durante esta semana, pude prestar mais atenção nos usos dos marcadores discursivos e as ambigüidades que eles trazem para os textos dos livros didáticos. Em outubro participei do XII Seminário Nacional e II Seminário Internacional Mulher Literatura do GT Mulher e Literatura da ANPOLL – Associação Nacional de Pós – Graduação em Letras e Lingüística (Seminário Mulher e Literatura), realizado no período de 9 a 11 de outubro de 2007 na Universidade Estadual de Santa Cruz em Ilhéus com carga horária de 30 horas. Esse Seminário de nível nacional, coordenado pela Profª Sandra Sacramento, (já mencionada antes), contou também com a participação de professores de outros países. Pude ouvir comunicações interessantes sobre o comportamento da figura feminina da antiguidade e da contemporaneidade.
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Chegado, o momento para o comentário mais negativo que tenho infelizmente que fazer. Foi referente ao XIII Seminário de Iniciação Científica e 9ª Semana de Pesquisa e Pós Graduação da Universidade Estadual de Santa Cruz no período de 29 de outubro a 01 de novembro de 2007, dispondo de 36 horas de carga horária. Enviei um trabalho para a organização do evento intitulado “Língua Portuguesa como Língua Estrangeira: Uma Abordagem Cultural”, de orientação pela Profª Maria D’Ajuda Alomba Ribeiro. Os atrasos sobre correção e aceite do trabalho, não foi apenas o que me entristeceu, mas lembro que na véspera do evento recebi a notícia que meu pôster não estaria pronto a tempo de demonstrá-lo a toda a comunidade acadêmica desta universidade. Mesmo assim, fui adiante. Eu mesma confeccionei meu pôster, imprimindo página por página e colando na cartolina. Apresentei meu trabalho aos que se dispuseram ouvir. Aqui, deixo a minha indignação a instituição por não dar crédito aos alunos que tentam demonstrar um trabalho realizado com muita pesquisa e simplesmente, pelo fato de não fazer parte de grupos de alunos com bolsa de iniciação científica. Nós sabemos que a pesquisa faz parte da nossa trajetória acadêmica.
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Passado este fato, finalizo este memorial, relatando a minha participação no IX Encontro Baiano dos estudantes de Letras: “Uma colcha de Retalhos! As Letras e a Bahia sob a Ótica Multicultural”, realizado no período de 14 a 18 de novembro de 2007, no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana, perfazendo a carga horária de 60 horas. É válido ressaltar, que apresentei um trabalho construído com mais dois colegas de sala, durante a disciplina Literatura Brasileira III, intitulado “A construção poética e social em A Rosa do povo de Carlos Drummond de Andrade”. Esse? Eu lembro, muito bem. Fui ouvida e aplaudida de pé. .
“Ando devagar porque já tive pressa
E levo este sorriso porque já chorei demais.
Hoje, me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
E nada sei” (Almir Sater e Renato Teixeira - Tocando em frente)

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A. V. V. Quinto
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